Postagem Dag Vulpi 01/05/2011
Desaparecido em 1971
Documento guardado por militar seria depoimento de comandante da VAR, dado após Beto sumir no Rio
RIO - Do arquivo particular de um oficial reformado emerge a primeira pista sobre o desaparecimento de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, um dos comandantes de Dilma Rousseff no tempo em que a hoje presidente da República era militante da VAR-Palmares, organização de esquerda que atuou na luta armada contra o regime militar. Sem assinatura ou qualquer outra prova de autenticidade, um documento de 15 páginas registra o que teria sido um depoimento de Beto prestado ao Exército no dia 28 de fevereiro de 1971, portanto, 13 dias após seu desaparecimento.
Embora a introdução informe que Carlos Alberto, "estando preso, produziu um depoimento de próprio punho", o texto guardado pelo militar está digitalizado e com tipologia típica de computadores dos anos 90. Porém, o que se lê nos 19 capítulos desse suposto depoimento impressiona pela coerência e pela precisão no relato sobre a trajetória da organização e de alguns de seus militantes. O militar resolveu divulgá-lo por discordar da imagem que a esquerda teria construído de Beto, de um jovem idealista que morreu pela causa sem recuar em seus ideais.
Do início da militância política, em 1961, até o seu desaparecimento, em 15 de fevereiro de 1971, em Copacabana, Beto só havia sido preso uma vez, em 1964, por pichação. Como a VAR surgiria cinco anos depois, só há duas hipóteses para as informações a ele atribuídas: ou são montagem, com base em dados colhidos de outros militantes da organização, na maioria dos casos sob tortura, ou realmente foram escritas pelo próprio Beto, em condições que só a abertura dos arquivos da ditadura poderá esclarecer.
Parentes e ex-militantes da VAR preferem a primeira hipótese. Diante da série de detalhes que o depoimento fornece sobre a organização, principalmente sobre a "área", foco guerrilheiro que a VAR tentava montar na região do Bico do Papagaio (divisa entre Maranhão, Goiás e Pará), as pessoas que conheceram Beto sustentam que o vazamento do dossiê apócrifo seria uma tentativa contemporânea de manchar a sua biografia.
- Beto jamais usaria expressões como "elementos" e "amantes", atribuídas a ele nesses papéis falsos - disse o diplomata Sérgio Ferreira, primo do desaparecido e representante da família em questões ligadas ao caso. Ler Mais>>>
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