Cesário Guedes da Costa* |
Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés
Vegetal!
Fala com Deus também, deste Sinai
De granito...
Dele recebeu a graça natural
De ter formas reais e ser um mito.
Forte como um destino,
Calmo como um pastor.
A sarça-ardente é quando o sol, a pino,
O inunda de seiva e de calor.
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante...
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olhos a prece
Da eternidade.
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve, e guarda a mocidade
No coração!
Miguel Torga
1950
Vegetal!
Fala com Deus também, deste Sinai
De granito...
Dele recebeu a graça natural
De ter formas reais e ser um mito.
Forte como um destino,
Calmo como um pastor.
A sarça-ardente é quando o sol, a pino,
O inunda de seiva e de calor.
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante...
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olhos a prece
Da eternidade.
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve, e guarda a mocidade
No coração!
Miguel Torga
1950