30 de dez. de 2011

Dilma diz que CPI “se faz em caso extremo”

Por André Barrocal

A presidenta Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (16), durante café da manhã de confraternização com jornalistas, que não leu o livro A Privataria Tucana, que aponta corrupção em privatizações do governo Fernando Henrique e envolvimento do ex-ministro e adversário dela na eleição de 2010, José Serra.
O livro também conta os bastidores de uma guerra por poder entre petistas na campanha presidencial de Dilma no ano passado. O presidente do PT, Rui Falcão, um dos personagens da disputa, processa o autor do livro, o jornalista Amaury Ribeiro Jr.
Dilma evitou comentar a possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Privataria, na Câmara dos Deputados. Mas com uma declaração que admite interpretar que o governo talvez não ache uma boa ideia. Para que o leitor tire sua própria conclusão, a reportagem reproduzirá o diálogo da imprensa com Dilma sobre a CPI da Privataria.
Presidenta, a eventual instalação de uma CPI prejudicaria o governo dentro do Congresso?
“Eu acho que CPI se faz em caso extremo. Não vejo como eu poderia me manifestar sobre isso.”
Esse seria um caso extremo?
“Como eu vou saber?”
A presidenta disse que também não leu uma biografia dela, chamada A vida quer é coragem, do jornalista Ricardo Amaral, que será lançada em Brasília nesta sexta-feira (16). Amaral trabalhou na campanha presidencial de Dilma no ano passado e afirma que o livro não teve autorização prévia dela para ser escrito e publicado.

Civilidade com oposição.

No café da manhã, realizado no Palácio do Planalto com cerca de 50 jornalistas que acompanham o dia a dia da Presidência, Dilma fez um balanço do primeiro ano de governo e afirmou ter com a oposição “relações civilizadas”, que para ela “significa conversa”, e que pretende manter isso em 2012. A ausência deste diálogo, disse, “é uma das piores doenças da democracia”.
Um dos maiores exemplos de “relação civilizada” de Dilma com os adversários em 2011 talvez tenha sido a carta que ela mandou ao ex-presidente Fernando Henrique para parabenizá-lo pelo aniversário de 80 anos, gesto que custou críticas nos bastidores de alguns petistas, que vêem em FHC um símbolo, por contraste, do que foi o governo Lula.
Segundo Dilma, esse tipo de convivência com a oposição ajuda o país a se diferenciar de outro meio à crise econômica global. Enquanto o governo aprovava no Congresso tudo o que propunha como medidas anti-crise, Dilma disse ter vistos “relações extremamente incivilizadas, deletérias até”, pelo mundo, como nos Estados Unidos, em que o governo Obama se digladiou com os inimigos republicanos por causa do teto da dívida, e alguns europeus.
A presidenta disse ter uma “relação republicana” com governadores de oposição e citou nominalmente os tucanos Geraldo Alckmin (São Paulo), Antonio Anastasia (Minas) e Teotônio Vilela (Alagoas) e a única do DEM, Rosalba Ciarlini (Rio Grande do Norte). “O problema do estado deles é meu também”, afirmou.

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