Quando surgiram as notícias de que existiam peças da empresa capixaba Cobra D’água dentre aquelas apreendidas em uma fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, no Estado de São Paulo – flagrante de trabalhadores em situação análoga ao trabalho escravo numa oficina de costura, no município de Americana, o empresário, ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e dono da marca se mostrou surpreso. Disse, em entrevista na manhã desta sexta-feira (19) à Rádio CBN, que a marca também é vítima de falsificações em fabriquetas com as quais não tem relacionamento. Em nota publicada no site da marca, a empresa também aventa para a possibilidade de as peças serem fruto de falsificações.
No entanto, documentos encontrados no local da vistoria pelo órgão, com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Cobra D’água, comprovam que as peças fabricadas no local eram, de fato, destinadas à empresa. A reportagem de Século Diário entrou em contato com o MPT de Campinas e o órgão atestou que os nomes das empresas envolvidas só foram divulgados após comprovação de autenticidade das peças, por meio dos documentos apreendidos.
De acordo com o órgão, foram encontradas peças-piloto da marca capixaba e de outras como Brooksfield, Billabong, Tyrol, Ecko e Gregory, além da Zara, do grupo Inditex, responsável por 50% da produção da oficina clandestina.
A oficina, instalada em um sobrado em que viviam 51 pessoas, sendo 46 bolivianos e cinco brasileiros, incluindo crianças, foi subcontratada por uma empresa terceirizada pela Cobra D’água e pelas outras empresas. O MPT deve chamar as empresas contratantes à responsabilidade, já que elas também deveriam fiscalizar a cadeia produtiva das peças. Os documentos que comprovam que as peças eram da Cobra D’água foram juntados como provas ao inquérito que apura a utilização de mão de obra em condições análogas ao trabalho escravo aberto pelo MPT de Campinas e, caso a cadeia produtiva não seja regularizada, a empresa pode ser processada por envolvimento no crime.
Quem indenizou os trabalhadores na ocasião do flagrante de exploração de trabalho análogo à escravidão, em maio deste ano, foi a empresa terceirizada e o pagamento aos trabalhadores chegou à casa dos R$ 150 mil. Com esse dado, fica ainda mais nebulosa a declaração de surpresa de Izoton, já que a “conta” da terceirizada pode ter sido cobrada da empresa contratante e a situação ser de conhecimento dela, já que se passaram três meses desde a fiscalização e pagamento de indenizações.
Vale lembrar que o Espírito Santo é um polo de confecção com fábricas instaladas em municípios como Colatina, no noroeste do Estado e em Vila Velha, e que atendem ao mercado interno e de exportação, gerando divisas e empregos para o Estado. No entanto, é de intrigar o expediente adotado pela Cobra D´água, que se denomina genuinamente capixaba, ao terceirizar a produção para fora do Estado e não auditar a forma como as peças são produzidas. Intriga ainda o fato de o empresário Lucas Izoton, que foi presidente da Findes por dois mandatos, se declarar surpreso e alegar não ter conhecimento da presença de peças destinadas à sua marca sendo produzidas em situações degradantes.
Trabalhadores
A fiscalização do MPT de Campinas flagrou, em maio deste ano, os 51 trabalhadores atuando e morando em uma oficina clandestina de confecção no município de Americana. O local, sem ventilação adequada, abrigava tanto a oficina quanto as famílias. Nos alojamentos, em que o quarto era também utilizado como cozinha, os inspectores encontraram botijões de gás, que poderiam causar acidentes em caso de vazamentos. Já na oficina havia fios desencapados pelo chão e os tecidos eram jogados em cima desses fios, o que poderia causar incêndio.
A jornada de trabalho dos trabalhadores era de 14 horas diárias, começando às 7 horas e terminando às 21 horas. Eles recebiam por peça produzida, uma média de R$ 0,20 por peça, e boa parte deles morava no segundo andar da oficina.
No entanto, documentos encontrados no local da vistoria pelo órgão, com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Cobra D’água, comprovam que as peças fabricadas no local eram, de fato, destinadas à empresa. A reportagem de Século Diário entrou em contato com o MPT de Campinas e o órgão atestou que os nomes das empresas envolvidas só foram divulgados após comprovação de autenticidade das peças, por meio dos documentos apreendidos.
De acordo com o órgão, foram encontradas peças-piloto da marca capixaba e de outras como Brooksfield, Billabong, Tyrol, Ecko e Gregory, além da Zara, do grupo Inditex, responsável por 50% da produção da oficina clandestina.
A oficina, instalada em um sobrado em que viviam 51 pessoas, sendo 46 bolivianos e cinco brasileiros, incluindo crianças, foi subcontratada por uma empresa terceirizada pela Cobra D’água e pelas outras empresas. O MPT deve chamar as empresas contratantes à responsabilidade, já que elas também deveriam fiscalizar a cadeia produtiva das peças. Os documentos que comprovam que as peças eram da Cobra D’água foram juntados como provas ao inquérito que apura a utilização de mão de obra em condições análogas ao trabalho escravo aberto pelo MPT de Campinas e, caso a cadeia produtiva não seja regularizada, a empresa pode ser processada por envolvimento no crime.
Quem indenizou os trabalhadores na ocasião do flagrante de exploração de trabalho análogo à escravidão, em maio deste ano, foi a empresa terceirizada e o pagamento aos trabalhadores chegou à casa dos R$ 150 mil. Com esse dado, fica ainda mais nebulosa a declaração de surpresa de Izoton, já que a “conta” da terceirizada pode ter sido cobrada da empresa contratante e a situação ser de conhecimento dela, já que se passaram três meses desde a fiscalização e pagamento de indenizações.
Vale lembrar que o Espírito Santo é um polo de confecção com fábricas instaladas em municípios como Colatina, no noroeste do Estado e em Vila Velha, e que atendem ao mercado interno e de exportação, gerando divisas e empregos para o Estado. No entanto, é de intrigar o expediente adotado pela Cobra D´água, que se denomina genuinamente capixaba, ao terceirizar a produção para fora do Estado e não auditar a forma como as peças são produzidas. Intriga ainda o fato de o empresário Lucas Izoton, que foi presidente da Findes por dois mandatos, se declarar surpreso e alegar não ter conhecimento da presença de peças destinadas à sua marca sendo produzidas em situações degradantes.
Trabalhadores
A fiscalização do MPT de Campinas flagrou, em maio deste ano, os 51 trabalhadores atuando e morando em uma oficina clandestina de confecção no município de Americana. O local, sem ventilação adequada, abrigava tanto a oficina quanto as famílias. Nos alojamentos, em que o quarto era também utilizado como cozinha, os inspectores encontraram botijões de gás, que poderiam causar acidentes em caso de vazamentos. Já na oficina havia fios desencapados pelo chão e os tecidos eram jogados em cima desses fios, o que poderia causar incêndio.
A jornada de trabalho dos trabalhadores era de 14 horas diárias, começando às 7 horas e terminando às 21 horas. Eles recebiam por peça produzida, uma média de R$ 0,20 por peça, e boa parte deles morava no segundo andar da oficina.
Fonte: http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=16862
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